Márcio Tonetti
Fundado há 50 anos, o Instituto de Pesquisa Bíblica (BRI, na sigla em inglês) desempenha um papel central na preservação da solidez e da unidade teológica da igreja. Em outubro, a brasileira Keldie Paroschi foi nomeada diretora associada desse órgão vinculado à sede mundial da denominação. Natural de São Paulo, ela é mestre em Teologia pela Universidade Andrews e doutora em Novo Testamento pelo Seminário Teológico Asbury, ambos nos Estados Unidos. Nesta entrevista, a teóloga comenta suas novas responsabilidades e os planos do instituto para os próximos anos.
Esta é a primeira vez que uma teóloga integra a equipe de diretores associados do Instituto de Pesquisa Bíblica?
Sim, é a primeira vez, No entanto, o BRI sempre contou com a colaboração de várias teólogas no preparo e na revisão de materiais, bem como na participação em comissões e simpósios. É um grande privilégio poder servir à igreja dessa maneira.
Quais são suas principais áreas de interesse na teologia e quais responsabilidades você assume a partir de agora no BRI?
Minha especialização é em Novo Testamento, com ênfase nas epístolas paulinas. Também me interesso bastante pelos temas da ressurreição e da confiabilidade dos evangelhos. No instituto, minhas responsabilidades incluem preparar artigos e materiais teológicos, revisar manuscritos, lições da Escola Sabatina e outros documentos, colaborar na edição do Dicionário Bíblico-Teológico Adventista do Sétimo Dia, realizar apresentações em simpósios bíblicos e lecionar disciplinas teológicas.
Qual é a finalidade do instituto?
O instituto promove o estudo e a prática da teologia e do estilo de vida adventista, contribuindo assim para a missão da igreja. Também oferece apoio teológico à denominação em nível mundial por meio da produção, publicação e divulgação de materiais, além da realização de simpósios bíblicos em diferentes partes do mundo.
Como os estudos e recursos produzidos pelo BRI impactam a igreja e a comunidade acadêmica?
Várias de nossas publicações são utilizadas na formação e na educação continuada de pastores, oferecendo-lhes os recursos necessários para o preparo de seus membros em diferentes áreas da teologia adventista e do estudo da Bíblia. Também é um privilégio perceber que muitas de nossas obras – como a série Santuário e Profecias Apocalípticas e os livros sobre a criação – são citadas por teólogos de outras denominações, o que demonstra que a comunidade acadêmica tem interagido com nossas pesquisas.
Quais projetos o instituto pretende priorizar nos próximos anos?
Temos diversos projetos em andamento, incluindo estudos nas áreas de revelação e inspiração, pesquisas mais aprofundadas sobre Daniel e Apocalipse e a produção de materiais voltados à ética. O Dicionário Bíblico-Teológico Adventista do Sétimo Dia (dictionary.adventist.org) também é um projeto de grande porte que ainda levará mais alguns anos para ser concluído. Em 2027, realizaremos a quinta Conferência Bíblica Internacional, que reunirá teólogos adventistas de todo o mundo para discutir temas relacionados à Bíblia, à cultura e à missão.
Diante dos desafios teológicos atuais, qual tem sido o foco do trabalho do BRI?
Neste ano, lançamos dois volumes sobre a doutrina da Trindade, tema que tem sido questionado em diferentes partes do mundo. Também publicamos um livro sobre ética e tecnologia, apresentando princípios bíblicos que nos ajudam a lidar com questões complexas relacionadas à realidade virtual, inteligência artificial, bioética e evangelismo digital. Além disso, o BRI promove simpósios internacionais de Bíblia e missão, que buscam responder a necessidades teológicas específicas. São muitos os desafios, mas sou muito grata por fazer parte de uma igreja que valoriza o estudo da Palavra de Deus acima de tudo.
(Entrevista publicada na Revista Adventista de dezembro/2025)
