Zeno L. Charles-Marcel e Peter N. Landless
Força e resistência são pilares da saúde e da longevidade. Evidências científicas mostram que fortalecer a massa e a função muscular não apenas garante mobilidade e independência, mas também contribui de forma significativa para a prevenção de doenças crônicas e a melhora da saúde metabólica.
Durante a infância e a adolescência, o desenvolvimento da força muscular estabelece a base para a
saúde ao longo da vida. Atividades de resistência aumentam, por exemplo, a densidade óssea, ajudam a
manter um peso saudável e favorecem o desenvolvimento da coordenação motora e do equilíbrio. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que crianças e adolescentes realizem exercícios de fortalecimento muscular pelo menos três vezes por semana. Jovens com maior aptidão muscular apresentam menor risco de desenvolver obesidade, diabetes e problemas cardiovasculares no futuro.
Nos adultos, a força muscular também desempenha um papel crucial na saúde metabólica e cardiovascular. A prática regular de exercícios de resistência melhora a sensibilidade à insulina, ajuda a controlar os níveis de glicose no sangue e reduz a gordura visceral, tornando-se uma estratégia não farmacológica essencial na prevenção do diabetes tipo 2 e da síndrome metabólica. Até mesmo treinos de resistência modestos – com menos de uma hora por semana – têm sido associados a uma redução de 40 a 70% no risco de doenças cardiovasculares.
A massa muscular contribui para a regulação de citocinas inflamatórias e ajuda a manter o equilíbrio hormonal. Além disso, reduz sintomas de depressão e ansiedade e melhora a qualidade do sono.
Com o avanço da idade, a perda progressiva de massa e força muscular torna-se um fator crítico. A chamada sarcopenia aumenta o risco de quedas, fraturas, perda de independência e mortalidade prematura. Pesquisas indicam que a força muscular é um indicador mais confiável do que a própria pressão arterial ou o Índice de Massa Corporal (IMC) para avaliar a saúde de adultos mais velhos.
Por isso, o ganho de força e resistência é a intervenção mais eficaz para combater a perda natural de musculatura. Pessoas mais velhas que realizam treino de resistência progressivo (PRT) podem aumentar significativamente sua massa muscular e força. Esse tipo de atividade se mostra eficaz inclusive em indivíduos acima dos 80 anos. Estudos científicos demonstraram, por exemplo, que idosos apresentaram melhorias expressivas na força muscular e na velocidade de caminhada após apenas oito semanas de treino de resistência de alta intensidade.
Outro aspecto importante é que pessoas que praticam exercícios de resistência pelo menos duas vezes por semana apresentam um risco significativamente menor de morte precoce, assim como menor risco de óbito por câncer. Esses benefícios ocorrem independentemente da prática de atividades aeróbicas, evidenciando as contribuições do treino de força e resistência para a saúde.
Os benefícios da força muscular vão muito além da estética ou do desempenho esportivo, estando intimamente ligados à preservação da saúde metabólica, à manutenção da funcionalidade e à longevidade.
Faríamos bem em exercitar diariamente tanto nossa fé quanto nossos músculos, a fim de desfrutar de saúde e bem-estar integral. 
Zeno L. Charles-Marcel é clínico geral e diretor do Ministério de Saúde na Associação Geral; Peter N. Landless é cardiologista e diretor emérito do mesmo departamento
(Artigo publicado na seção “Bem-estar” da Revista Adventista / Adventist Review de outubro/2025)

