Rebbeca Ricarte
Em 2026, a Educação Adventista celebrará 130 anos de história no Brasil. Desde 1896, quando surgiram as primeiras escolas em Curitiba (PR) e Gaspar Alto (SC), sua missão tem sido clara: formar cidadãos íntegros, preparados para a vida e para servir a Deus. Ao longo das décadas, cada capital brasileira recebeu uma unidade da rede. O Piauí, porém, permanecia como a última fronteira dessa missão – até 29 de outubro de 2025, quando o sonho se tornou realidade com a inauguração do Colégio Adventista de Teresina, a primeira unidade da rede no estado.
Localizado no bairro de Fátima, junto à Ponte Estaiada, o colégio representa mais do que um espaço físico; simboliza a continuidade de um legado iniciado nos anos 1960, quando uma escola paroquial funcionava na Igreja Central. Transferida posteriormente para a Igreja do Aeroporto, a instituição evoluiu, transformando-se no Centro Educacional Adventista de Teresina (CEAT) nos anos 1980, com mais salas, quadra e pátio. Apesar do crescimento, a unidade encerrou suas atividades em 2008, deixando um vazio que agora, quase duas décadas depois, é preenchido com uma proposta moderna e integral.
Com 6,4 mil metros quadrados distribuídos em três pavimentos e construído em menos de 200 dias, o colégio combina modernidade e propósito. Salas climatizadas, laboratórios, biblioteca, áreas verdes e molhadas, projeto bilíngue e aulas de programação foram planejados para oferecer formação completa – do infantil ao ensino fundamental, com previsão de implantação do ensino médio. Cada espaço reflete a convicção de que aprender vai além de livros e provas: envolve cidadania, serviço e preparo espiritual.
REAFIRMAÇÃO DE PROPÓSITOS
A existência do Colégio Adventista de Teresina não apenas completa o mapa nacional, mas reafirma a essência da educação redentiva. Para a liderança da Igreja Adventista, a inauguração marca um ciclo histórico de expansão. O pastor Stanley Arco, presidente da denominação para oito países da América do Sul, observa: “A rede agora está presente em todas as capitais do país e o foco é moldar meninos e meninas à imagem de Deus.”
Retomar a Educação Adventista em Teresina foi um desafio. Henilson Erthal, diretor da rede na União Nordeste Brasileira, reconhece o esforço em um mercado consolidado: “Temos certeza de que, com uma proposta focada em uma educação que redime, certamente teremos os alunos que Deus já colocou em Seu coração.” A visão se completa com o impacto social da escola, como observa Geison Florêncio, presidente da igreja no Piauí: “Essa escola será um marco não apenas para os adventistas, mas para toda a comunidade, oferecendo valores bíblicos e crescimento acadêmico integrados.”
Para o diretor, Eduardo Pedro, a unidade buscou inovar sem abrir mão de sua missão confessional. O esforço conjunto para viabilizar o projeto é destacado pelo pastor Edson Medeiros, diretor financeiro da Divisão Sul-Americana: “A realização da escola é fruto de união entre instituições, Campos, União Nordeste e Divisão Sul-Americana. A unidade faz a força.”
Construir uma escola em Teresina era, sem dúvida, uma grande necessidade. “É uma cidade estratégica, de enorme importância para o cenário do Nordeste, e precisávamos oferecer uma unidade que atendesse às expectativas da comunidade e da nossa missão. Hoje, temos uma obra moderna, planejada em cada detalhe para ser acolhedora, inspiradora e capaz de impulsionar a educação de nossas crianças e adolescentes, marcando um momento histórico de expansão da Educação Adventista nessa região do país”, afirma Jairo dos Anjos, diretor financeiro da sede administrativa da igreja para seis estados do Nordeste.
A sinergia entre ensino, igreja e material didático será outro fator decisivo na formação integral dos alunos. Uilson Garcia, presidente da Casa Publicadora Brasileira, reforça: “Com a CPB, a educação e a igreja andando juntas, ampliam-se as possibilidades de pregar o evangelho por meio do ensino.”
IMPACTO NAS NOVAS GERAÇÕES
O impacto da nova unidade se manifesta também na vida das famílias. Ex-alunos do CEAT, Juliana Rocha e Ravi Martins, puderam matricular a filha, Marvie, de 4 anos, na mesma escola que marcou sua infância. Juliana relata: “Eu disse ao meu marido: agora é a vez de nossa filha usufruir do que nós usufruímos.” Ravi complementa: “É o melhor lugar para ela, com ensino dedicado a princípios e valores.”
A advogada Samara Soares, mãe de Liz e Gabriel, primeiros alunos matriculados, aguardou ansiosamente a inauguração. Desde jovem, Samara admira a Educação Adventista. Ao saber da nova escola em Teresina, decidiu manter Gabriel, de 3 anos, em casa até 2026, garantindo que sua primeira experiência escolar fosse na rede adventista. Acompanhar cada etapa da construção reforçou a certeza de que o colégio seria o ambiente ideal para seus filhos, algo que ela reconhece como um plano de Deus.
Mais do que uma conquista arquitetônica, o Colégio Adventista de Teresina simboliza a consolidação de uma missão: transformar aprendizado em propósito, conhecimento em valores e infância em caminho para a eternidade. O pastor Alijofran Brandão, presidente da União Nordeste Brasileira, reforça: “Essa unidade não só formará cidadãos com visão de voluntariado, mas também preparará as novas gerações para servir a Deus e ao próximo, cumprindo a essência do ser cristão e o propósito da educação adventista.”
Portanto, a capital piauiense não recebe apenas uma escola; recebe um legado restaurado, que une gerações de educadores e alunos em torno de um propósito maior. Cada sala, corredor e pátio carrega a promessa de transformar conhecimento em serviço, formando cidadãos para impactar a sociedade e discípulos prontos para levar adiante a missão que começou há mais de um século, mantendo viva a essência da Educação Adventista: formar missionários. 
REBBECA RICARTE é jornalista na União Nordeste Brasileira
(Reportagem publicada na Revista Adventista de dezembro/2025)
