Diogo Cavalcanti e Max Pfeffer
O interesse pelos últimos acontecimentos está no coração do adventismo. Para um povo que carrega o segundo advento no nome, é um privilégio estudar as profecias bíblicas, a fim de entender os tempos em que vivemos, bem como aquilo que já passou e o que virá. Adoramos um Deus histórico, que Se move e atua no tempo e no espaço. Sendo assim, Ele intervém nos assuntos humanos, embora não os determine. Essa realidade se reflete marcadamente nos livros apocalípticos, em que os desastres que se abateram sobre o povo de Deus não contradizem a soberania divina.
Normalmente, estamos condicionados a pensar que a escatologia (o estudo das últimas coisas) se restringe especialmente ao livro do Apocalipse. Falhamos, porém, em perceber que as linhas centrais da escatologia bíblica nascem e se desenvolvem ao longo das Escrituras. Para ajudar na compreensão dos padrões básicos por trás da revelação, o livro Visões do Futuro (CPB, 2025, 440 p.) busca identificá-los e analisá-los por meio de uma ampla pesquisa bibliográfica.
A obra escrita pelo pastor Marcos De Benedicto, editor-chefe emérito da Casa Publicadora Brasileira, contempla sete categorias nas quais a escatologia bíblica se desdobra: Deus, o paraíso, o povo de Deus, o templo/tempo, o inimigo, o Salvador e o juízo divino. Segundo o autor, podemos encontrar esses elementos em diversos livros das Escrituras, com alguma variação, mas ainda assim presentes de maneira consistente. Trata-se de uma categorização dos conceitos fundamentais da profecia, os quais informam, preenchem e contornam a simbologia apocalíptica.
Assim, o Apocalipse não deve ser lido como um livro independente e autossuficiente em relação às Escrituras. Desde o Gênesis, os principais conceitos da profecia bíblica surgem como elementos seminais, os quais encontram seu clímax na profecia apocalíptica.
Devido às limitações de espaço, o autor optou por apresentar a conexão conceitual entre o Gênesis, os Profetas e os apóstolos e o Apocalipse, dividida em três partes: “O Começo”, “O Meio” e “O Fim”. Em cada uma dessas seções, a análise é feita utilizando os sete paradigmas identificados pelo autor. Como De Benedicto argumenta, “todos os temas escatológicos nas Escrituras são variantes dessa grande síntese em sete aspectos. Alguns temas podem ter contrapartes ligeiramente diferentes, mas pertencem à mesma categoria lógica” (p. 15).
O livro é especialmente útil para fornecer um panorama mais amplo e um mapa para auxiliar os leitores a entender o dicionário e o pano de fundo para todo o simbolismo apocalíptico. Como resultado, tendo a segunda vinda de Cristo no horizonte, esse evento “valida o passado, enche de esperança o presente e ilumina o futuro” (p. 27).
TRECHO
“A escatologia bíblica não só nos apresenta uma perspectiva intelectual confiável quanto ao futuro, mas também nos ajuda a alinhar nossa vida aos propósitos divinos. No sentido mais profundo, escatologia não é tanto uma linha do tempo que diz em que ponto estamos, mas um mapa que aponta a direção para a qual Deus está Se movendo. Quando olhamos para o futuro com esperança, o presente parece menos utópico e mais suportável. E Deus, de fato, se torna o Senhor da nossa história” (p. 11).
DIOGO CAVALCANTI e MAX PFEFFER são editores de livros na CPB
(Resenha publicada na seção “Estante” da Revista Adventista de novembro/2025)


