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O perigo da crítica

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Escrito por A Redação

Quando o escárnio se disfarça de lucidez

Sofia Costa D’Ávila

Questionar de forma imprudente sobre o valor das coisas nos torna cínicos: perdemos a capacidade de admirar, confiar e crer, mesmo naquilo que é digno de respeito ou que constitui o fundamento de nossa fé. É um vício que destrói a reverência e transforma o desprezo em postura habitual diante da realidade.

Precisamos meditar nisso constantemente, pois nossas palavras não apenas revelam o coração, mas também o moldam. Ellen White escreveu que “o hábito da crítica descuidada e irreverente reage sobre o caráter, provocando irreverência e incredulidade” (O Desejado de Todas as Nações [CPB, 2021], p. 252).

Esse hábito foi a ruína dos fariseus. Sabiam que Jesus era a Verdade, mas o orgulho e a inveja os impediram de confessá-Lo. Como não suportavam o contraste entre sua aparência de santidade e a verdadeira luz de Cristo, resistiram à voz do Espírito Santo e se puseram a criticar e distorcer os ensinamentos do Mestre. Assim, atingiram o grau máximo de irreverência, condenando, flagelando e crucificando o Filho de Deus.

Conforme está escrito: “Porque, tendo conhecimento de Deus, não o glorificaram como Deus, nem Lhe deram graças. Pelo contrário, se tornaram nulos em seus próprios raciocínios, e o coração insensato deles se obscureceu. Dizendo que eram sábios, se tornaram tolos” (Rm 1:21, 22).

No entanto, será que somos tão diferentes deles? Hoje, a crítica irreverente deixou os muros do templo e se espalhou pelas redes sociais. Um sermão é publicado e, em segundos, recebe comentários depreciativos e sarcásticos. Doutrinas centrais da fé cristã são tratadas como piadas em podcasts. Pastores e líderes são alvo de memes e deboches, não por erros reais, mas por serem símbolos de algo que se deseja destruir.

Até dentro das igrejas, encontramos cristãos professos que, sob a bandeira do “pensamento crítico”, rejeitam qualquer ensinamento que demande obediência ou reverência. O que antes era um movimento de exclusividade e tradição – como no farisaísmo –, hoje se transformou em um farisaísmo reverso: um impulso de rejeitar tudo, relativizar tudo, debochar de tudo. Se antes eram somente os “doutores da lei”, agora qualquer pessoa com um celular acredita poder reformar toda a verdade e derrubar milênios de fé com um vídeo de poucos segundos.

O que os dois têm em comum? A mesma raiz: a dureza de coração. E o mesmo erro: a busca por uma “verdade” que se conforma às expectativas pessoais.

Isso não significa que devemos deixar de questionar a realidade. No entanto, o sagrado nos chama a agir com prudência, discernimento, honestidade, humildade e, acima de tudo, com sabedoria divina – que só se adquire por meio da intimidade com Deus e do conhecimento das Escrituras.

O apóstolo Paulo afirmou: “Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o servo de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra” (2Tm 3:16, 17).

Sem isso, resistimos ao Espírito de Deus, nosso coração se endurece e, ironicamente, fechamos com nossas mãos as portas do Céu que o próprio Cristo escancarou com Seu sangue.

O escárnio, quando se disfarça de lucidez, pode até parecer sabedoria, mas, na verdade, é cegueira espiritual. A verdadeira lucidez nasce da reverência diante de Deus, e somente ela nos conduz à vida. 

SOFIA DA COSTA D’ÁVILA é estudante de Direito em Manaus (AM)

Sobre o autor

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A Redação

Equipe da Revista Adventista

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